domingo, 18 de dezembro de 2011

Não sei se é possível

Os natais são como os lanches do anúncio do Kinder Délice - há uns de que se gosta muito, e outros de que se gosta menos. Tão bela que é a publicidade gratuita, não é? Ainda assim, se os senhores da Kinder me quiserem deixar um cheque no correio, não vou chorar. Sou tão puta.

Uma vez que se aproxima aquele que alguns já chamam o natal mais difícil deste mil novecentos e testículo, não posso deixar de me estar a cagar lindamente para isso. Além de puta, sou insensível. Só qualidades.

O natal para mim, digo-o com franqueza, só tinha interesse por causa dos brinquedos que os meus pais me podiam dar quando era miúdo. Esta coisa de fazer bem aos outros só porque é natal sempre me pareceu um bocadinho maricas. Mais tarde, além de maricas, descobri que era também uma cena assim para o hipócrita.

Se fôssemos culturalmente evoluídos de verdade, não precisávamos de uma época por ano para tratar bem outros seres humanos ou os ajudar. Ajudávamos e pronto. Por esta ordem de ideias, numa sociedade culturalmente evoluída haverá uma época especial do ano em que se trata mal deliberadamente e se pode mandar quem quiser para o caralho. Espero chegar lá.

É como a história dos dias mundiais desta coisa ou daquela. No dia em que não precisarmos de dias mundiais de merda nenhuma, é sinal de que vivemos numa sociedade justa. Mas pior que se ser um materialista, é brincar à caridadezinha. Sentar-se em frente à televisão a assistir à desgraça dos outros com peninha, nos programas da manhã e da tarde, a ver os “coitadinhos” e com aquela coisa do “vá lá contribuam para que estas pessoas tenham um natal melhor” e coiso. As pessoas que passam necessidades não precisam de um natal melhor. Precisam é de não passar necessidades. O resto é treta.

Infelizmente para vocês leitores, no meio de toda esta depressão natalícia, não me enforquei no candeeiro da sala. Estive perto disso, logo que acabei de assistir à comunicação natalícia de Aníbal, presidente da república portuguesa, regiões autónomas e Facebook.

Aníbal, na sua infinita sabedoria de amigo do Bush pai, veio desejar aos portugueses um natal “tão bom quanto possível,” o que é bonito mas fica fora do contexto sem a televisão a preto e branco e uns agentes da PIDE por perto. O mais estranho no presidente Aníbal é, para uma pessoa que praticamente vive nas redes sociais e papa o que planta no Farmville, não haver na sua mensagem natalícia um único LOL.

Penso também como é estranho Cavaco e Maria algum dia terem feito o amor, quanto mais procriar. Eu até nem sou rapaz de acreditar nestas coisas mas, uma vez imbuído no espírito natalício, fico a pensar se não terá tudo sido obra do Espírito Santo.

Sem comentários:

Enviar um comentário