terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Natal e o País das Maravilhas

O Natal está aí. É a altura em que toda a gente se lembra do próximo, essencialmente através de caminhadas de beneficência ou através de algumas palavras de compaixão. Mais do que a corrida ao bacalhau especial da Noruega, a corrida à demagogia solidária é alvo da maior atenção dos portugueses. Fundamentalmente, o resto do ano podemos ser os maiores cães para toda a gente e até tentar vender a mãe à máfia russa, se no Natal dermos 20 cêntimos para a Obra do Padre Inácio, todos nos sentimos moralmente preparados para pronunciar as já familiares frases “ Natal é quando o homem quiser”, ou “Natal devia ser todos os dias”.

Natal é ainda oportunidade para a família se reunir. Assim à vídeo publicitário do azeite Gallo, com o avô com o seu cabelo branco, a sorrir, sentado à mesa enquanto a avó serve o bacalhau. Toda a gente muito feliz e harmoniosamente a celebrar o nascimento de Jesus. Errado. Natal é, na grande parte das vezes, oportunidade para nos depararmos de repente com membros familiares que, felizmente, só vemos uma vez por ano. Sentarmo-nos à mesa e assistir ao ritual de iniciação das conversas que não interessam ao menino Jesus, uma tentativa falhada de humor brejeiro e uma rabanada servida com uma pitada de tédio.

Peço desculpa pelo meu tão reduzido espírito natalício. Nesta altura só José Malhoa a cantar o “Ai Se Eu Te Pego” (por favor vejam!) me poderá animar. Isso e deixar de ter pesadelos com Merkel a contar aos meninos todos que o Pai Natal não existe. És feia Merkel, és feia.

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