domingo, 11 de dezembro de 2011

Viagens na Rede Social

São três da manhã de sábado, e o meu hálito arrasta-se entre vestígios de hambúrguer, cerveja morta e esgoto. Nada de novo. O computador liga-se sozinho, como que possuído pelo Satanás (o encarregado de educação do Justin Bieber) e eu faço-lhe um exorcismo com gin porque se me acabou o stock de água benta. Assim começa a minha odisseia facebookiana.

No Facebook há de tudo. Pessoas que passam tempo em joguinhos estúpidos, pessoas que colocam fotos de si mesmos em sítios que não interessam ao menino Jesus e claro, pessoas como eu, que entram no Facebook às três da manhã só porque têm aquele apetite sádico de quem gosta de ver acidentes. E embora um olhar altivo sobre esta rede social não se compare à majestade de um embate entre um veículo pesado carregado de salsichas e um Fiat Panda, deve andar lá perto.

Penso no futuro. Daqui por dez anos, quem sabe, os rapazes que agora colocam no seu perfil fotografias em tronco nu terão constituído família com as raparigas que tiram fotos com o telemóvel apontado para o espelho. Alguns dos rapazes em tronco nu, entretanto, optaram por não constituir família porque calhou irem a uma festa com o Malato e gostaram muito do ambiente.

Mas no Facebook há mais. Existem humoristas com aspas, como eu. E críticos de cinema. E críticos musicais, e DJ’s e comentadores de posts e fotos. Mas entre toda esta panóplia de seres inúteis, o meu favorito continua a ser aquele que gosta dos seus próprios posts. Para mim trata-se de uma nova e bonita forma de masturbação, mas sem meia de desporto incluída.

Com todos os seus defeitos, o que o Facebook faz de melhor é que passemos a detestar os nossos amigos ou eles passem simplesmente à categoria de “pessoas irritantes”. Mas além dos amigos, o Facebook tem os “amigos”, ou seja, as pessoas que não te conhecem de lado nenhum a não ser de um lugar inóspito no imenso cagalhão que é a internet e ainda assim acham que são merecedoras da tua amizade.

Olhando ali para os setenta pedidos de amizade pendentes, penso no que é que seria capaz de levar uma pessoa que nunca vi mais gorda a querer ser minha amiga. Tudo isto é para mim um enorme mistério. Isto e como é que deixam os filhos do Tony Carreira chegar sequer perto de um microfone.

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