quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A austeridade


Toda a gente fala da austeridade por estes dias. Austeridade é, entre outras coisas, o “cuidado escrupuloso em não se deixar dominar pelo que agrada aos sentidos ou deleita a concupiscência”. Ora, partindo desta definição fornecida pela Priberam, conclui-se que é urgente cancelar as licenças de rádio deste país sob pena de tão cedo não voltarmos ao crescimento económico.

De facto, as nossas rádios estão há uns 10 anos a apostar na austeridade. Não bastava terem migrado as suas playlists para fenómenos de dance music mais efémeros que os casamentos da Duquesa de Alba, como foram mais longe na austeridade para apostarem em fenómenos como a Adele. A Adele é, provavelmente, a personificação da austeridade. Não se deixa dominar pelo que agrada aos sentidos. Anafada, e com uma insistência muito própria em irritar os neurónios alheios com o seu timbre de voz e ocas canções, é uma tipa que não consegue nem estimular minimamente os nervos auditivos nem deleita a concupiscência, como se comprova facilmente pela imagem.

A minha preocupação é redobrada quando estes fenómenos monopolizam cada vez mais as ondas da rádio. Imaginem como se sentirá o ministro Vitor Gaspar, quando de manhã ao volante do seu carro se dirige para o Ministério das Finanças e tem de ouvir a Beyoncé, por exemplo. Não acham natural que ao chegar ao seu local de trabalho decida logo a retenção dos subsídios de férias e de Natal? Muito ponderado é ele, eu provavelmente lançaria uma rede de campos de concentração nacionais para locutores radiofónicos!

Pelo menos no tempo da Britney Spears, os homens ainda ficavam com a concupiscência deleitada, agora nesta era das Susan Boyles? Não basta a desgraça das Carlas Rochas das rádios nacionais, ainda é preciso recorrer à austeridade externa?

Reparem como a Grécia está desde que para lá foram Fernando Santos ou Jesualdo Ferreira, e agora imaginem se a Lady Gaga voltar a actuar em Portugal. Não há país que resista a tanta austeridade.

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