domingo, 23 de outubro de 2011

Alucinações Colectivas

Em mais uma semana em que um pastor evangélico veio novamente anunciar o apocalipse, o fim do mundo, o armagedão, nada de especial se passou. Como é de resto costume, convenhamos. O que ainda me espanta é como as pessoas prestam atenção a este tipo de pessoa, que provavelmente estaria melhor instalada num hospital psiquiátrico que numa igreja.
Trata-se provavelmente de mais um sujeito que diz que Deus lhe apareceu num arbusto e lhe fala de coisas que não interessam para nada. Tudo bem que as pessoas tenham e falem com os seus amigos imaginários, mas pá, não venham a público falar disso. Deus também me apareceu um dia sob a forma de loiça das Caldas e não ando para aí a dizer ai nem ui, pois todos nós já tivemos uma ou outra má experiência com ácidos.

Não tenho nada contra os alucinogénicos. Que fazem mais eles que mostrar à pessoa que os ingere uma realidade alternativa? É claro que também vão fritando o cérebro aos pouquinhos, mas não se pode ter tudo - e mais valem os alucinogénicos que a televisão.
Um gajo vê o mundo lá fora, a realidade, e as coisas até nem têm mau aspecto. Mas claro, liga-se a televisão, e é o pânico, o horror, a Odete Santos. Nos canais de televisão, cada dia é o fim do mundo, está tudo fodido e não há remédio. Parece-me que um dia, se o apocalipse chegar realmente, vai ser apenas mais um dia normal na vida dos jornalistas ao serviço deste imenso órgão de propaganda pessimista. A estupidificação das massas pelos reality-shows alternado com a cultura do medo dos noticiários é a receita perfeita para a alienação e uma geração de miúdos que se identifica com o Justin Bieber.

As forças rebeldes lá mataram o Khadafi com a preciosa ajuda da NATO. Agora toca a despachar para meter lá outro ditador de guarda-roupa duvidoso que continue a vender ao Ocidente o petróleo ao preço do mijo. Depois da propagandeira “morte” do Bin Laden ao velho estilo do “1984”, eis que o Big Brother nos brinda desta vez com a leveza pornográfica da morte do senhor Khadafi. Estamos a falar dos mesmos órgãos de comunicação que não hesitam em colocar apitos quando uma pessoa diz um palavrão e tapam tudo o que tenha que seja pipis, mamas e pilas, mas que na hora de mostrar violência sanguinária, tá-se bem. Fico na dúvida se tudo isto se trata de uma grande conspiração para tornar os seres humanos insensíveis à violência ou apenas mera estupidez. Seja como for, ninguém quer ver imagens do senhor Khadafi a esvair-se em sangue. Ninguém precisa disso, nem de ver a Teresa Guilherme nua.

1 comentário:

  1. Ora pois muito bem, manda quem pode, e obedece quem precisa. Eu Mando-os todos Pró Caralho!!! Quem quiser obedecer, que vá... Menos o autor deste magnífico texto, claro está!

    Abreijos e bom resto de Domingo

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