quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O circo máximo

Têm sido dias recheados de boa disposição nos relvados nacionais, razão pela qual a minha crónica de hoje foge ao habitual e se atira de cabeça para os campo de batalha de fanáticos (como eu) pela bola.

Em Braga assistiu-se, pelo terceiro ano consecutivo, a uma monumental encenação teatral de António Salvador e respectivo elenco. Se à 3ª se poderia pensar que a criatividade estaria já mirrada e condicionada, o génio criativo do construtor civil voltou a surpreender tudo e todos, quase tanto como quando a Amy Winehouse se apresentava em palco sem estar bêbeda. As agressões do primeiro ano e as bolas de golfe do segundo foram agora substituídas por monumentais jogos de luzes e repuxos de água fria.

Num jogo em que boa parte do tempo na televisão se via menos luz do que no autocarro 50 da Carris, acabou por ser curioso que um jogador 24 horas depois do jogo tenha acusado um dos jogadores do Benfica de lhe ter chamado preto de merda. O que é incompreensível, visto que o jogador insultado é preto, e é uma pessoa de merda. Talvez tivesse sido preferível Javi Garcia revestir-se da mesma honestidade que Guilherme Aguiar demonstra às 2ªs feiras nas análises (?) sobre futebol na SIC Notícias, e elogiar não só a bonita personalidade do Alan como a sua pele clara.

Entretanto o guarda-redes do Benfica acusou o Braga de recorrer a truques para vencer os jogos, e os jogadores do Braga logo se revoltaram, pedindo que ele esclareça o que diz. Hoje o Correio da Manhã diz que o Artur tem ainda pendente uma dívida do Braga para com ele de 80.000€ referentes à época passada. Ora, se calhar, começa aqui a explicação. Pelo que se tem percebido na Europa, o marisco está caro e os árbitros mais exigentes, e 80.000€ podem hoje em dia ser a diferença entre uma boa refeição ou uma azia descomunal.

Como não quero que me elogiem o meu facciosismo, devo no entanto dizer que as reclamações do Benfica nestes anos em Braga não fazem sentido. Num futebol nacional tão pobre em termos de espectáculo, ter mais umas coreografias a envolver pancada, golfe e jogos de luzes faz valer os bilhetes caros que por cá se cobram. E não pode o Braga ser acusado do tipo de coreografias que prepara. Da mesma maneira que a malta em Lisboa ou em Coimbra pode apreciar o fado, a malta de Braga está no seu direito de ainda não ter saído da época dos romanos e querer assistir a um circo máximo.

No sentido de prosseguir o esforço de reinvenção criativa nestes jogos, posso desde já adiantar que na próxima época já está preparado um descuido a envolver gasolina e fósforos. Sempre na onda da valorização do espectáculo, claro. Vai valer a pena, confiem em mim!

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