segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Consequências do meu pensamento filosófico #7




As pessoas bem se queixam do desemprego, da fome no mundo, da corrupção e do bife estar mal passado, mas eu cá me queixo de coisas a sério e que aleijam, verdadeiramente. Estou a falar, pois claro, das aftas. Enganam-se os que pensam que este tema não está no mesmo patamar da fome no mundo. Enquanto, que a fome é um tema  fácil de se resolver. Ou seja, come-se, e já está resolvido, instantaneamente. Nas aftas não é bem assim. Quantas e quantas vezes já tivemos esta conversa com as nossas mães:
           
- Mãe, estou com fome! O que faço?!
- Ah, come…
- Obrigado, mãe! Mãe, estou com uma afta! O que faço?
- Receio que não haja nada que possas fazer, meu filho.

Por isso, não venham com essa do “ah, ajudem os países africanos, com milhões de pessoas a morrer à fome”, é que vê-se mesmo quem pede esse tipo de ajuda nunca teve uma afta na vida.

A verdade é que são uns dias que ficamos submetidos a uma tortura medieval incurável, onde a cada movimento em falso somos psicologicamente chicoteados e abusados por um tipo pequeno, solitário e branco. É uma espécie de estadia bem passada na casa de Elvas, só que desta vez não acabamos nús.

E se não bastasse o sofrimento nestes dias, deparamo-nos, ainda, com a angústia dos dias que antecedem o seu aparecimento, passando pela sua confirmação. O ritual da confirmação é um tanto igual de pessoa para pessoa. Normalmente, tem lugar à frente do espelho, onde, lentamente, esticamos o lábio, e gritamos a alto e bom som:

- FOOOOOODAAAA-SE! (normalmente, este foda-se é dito de uma maneira muito fanhosa e com muito baba à mistura. Ah, e é curioso termos a mesma reacção sempre que aparece o Malato na televisão.)

            Agora deixo a pergunta: é mesmo preciso teres criado as aftas, Deus? É que tu tiveste bem ao criares o seio esquerdo e o seio direito, mas a partir daí descambaste. A sério, a pestana?! A sobrancelha? A pele casca de laranja no cotovelo?! O joanete?! O dedo grande do pé?! O que eu acho, é que isto tudo foi criado, sem dúvida, no dia em que estavas em modo dadaísmo.


2 comentários:

  1. Como se já não bastasse o Altíssimo ter dado provas de estar estupidamente distraído quando criou as aftas, nem se dignou a arranjar uma causa específcica para as ditas; pior... Nem uma soluçãozinha para aliviar a dor dos desgraçados que têm o azar de conviver com elas de tempos a tempos!
    Isto deixa-me deveras triste...

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  2. Mal por mal, sempre te digo, mais vale uma boa afta que uma inconveniente hemorroida que nos deixa sempre com um andar no mínimo esquisito e cria suposições erradas a quem assiste ao nosso sofrido passeio.

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