quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Greve ao idealismo

Esta semana, decidi fazer greve. Não uma greve como a de João Proença, que no dia de amanhã terá de abdicar da sua profissão de frequentador de resorts de luxo em países africanos para se mostrar compreensivo para com os “coitadinhos” mal cheirosos, e eventualmente até proferir um discurso mais ou menos inflamado sobre os problemas que os trabalhadores em Portugal enfrentam. Mas, ainda assim, uma greve.

Também não será uma greve como a de Carvalho da Silva, que terá de se abster de agir como um militante comunista e terá de agir como um indignado dirigente sindical. É a mesma coisa? Bom, esqueçam, adiante. Há punições para fura-greves, nesse caso?

Mas mais brilhante foi o raciocínio de um professor meu. Explica (de forma magistral até, diria) a situação portuguesa nas suas diversas componentes. O problema concorrencial, o problema dos custos da nossa economia, o problema da dívida, etc. Terminou inclusivamente dizendo que, objectivamente, não existe alternativa actualmente pois estamos apenas a pagar por anos de erros crassos de sucessivos governos. E no final, qual cereja no topo do bolo, diz que amanhã fará greve!

Ora, eu não sou um grande especialista em greves, mas faz-me alguma confusão ver a mesma pessoa provar por A+B que não existe alternativa aos sacrifícios impostos, dizer que vai fazer greve. Depois lembrei-me dos períodos em que o senhor teve uns quantos cargos em agências governamentais, e tudo ficou mais claro, claro.

Mas pronto, também não faço greve por achar que não há alternativa. Parece-me exótico o suficiente para quebrar a rotina, mas ao mesmo tempo reconheço não ter o brilhantismo intelectual para interiorizar estas ideias.

Na realidade a greve que vou fazer é de ouvir seja o que for relacionado com a greve. Acho tão incrível que o debate em Portugal continue baseado em ideologias estéreis e antiquadas como me faz confusão ver o Luís Freitas Lobo a comentar jogos de futebol. E acreditem, o dito senhor consegue tirar-me do sério.

Bons passeios nos centros comerciais a todos, no dia de amanhã. 

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