terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A Desgraça do Entretenimento e o Entretenimento da Desgraça

A nação está a passar pela delicada transição de sentimentos contraditórios, desde a esperança colectiva de quem já não tem um programa ao Domingo em que se diga merda de cinco em cinco minutos, para um sentimento de tédio por não poder realizar o desejo mórbido de ver um programa ao Domingo em que se diga merda de cinco em cinco minutos.

Não vejo muita televisão. Não pela falta de qualidade dela, que sejamos francos, é imensa. Aliás, demasiada. Ligo a televisão, seja de manhã, à tarde ou à noite e sou invadida pelo poder da qualidade televisiva que me é apresentada. Esteja o Jorge Gabriel a falar sobre queijadas, Conceição Lino a falar de adolescentes promíscuos, ou de Fátima Lopes com divorciadas a falar sobre a nova fase da sua vida em que tentam amar outra vez. Tudo é muito bom e tudo me fascina. Pontos extra para o papel de Pedro Granger a armar-se ao cagalhão no ‘Elo Mais Fraco’ da RTP. Eu juro que tentei deixar-me intimidar pelo lado mauzão dele mas a única coisa que consegui foi um ataque de cólicas. E isto porque abusei nas ameixas.

Por aqui, tenho apenas a mencionar a má vontade da SIC Mulher para comigo, insistindo em repetir os mesmos episódios de Master Chef trezentas vezes. Estão à tanto tempo a cozinhar borrego assado com legumes salteados que aquilo já deve estar tudo requentado por esta altura.

Eu sei, podia estar a falar em calamidades de maiores proporções como as agências de rating, o sadismo de Paco Bandeira ou Castelo Branco vestido de Imperatriz à porta do tribunal. Mas não. Escolhi o caminho sempre difícil da televisão e dos seus altos padrões. Não é para todos.

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