terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O Jornalismo dos Celcius

Uma coisa é certa. O mundo pode estar perto do fim, o planeta terra pode estar a ser atacado por criaturas intergalácticas horrendas, a rainha de Inglaterra pode estar a mostrar as cuecas em plena Trafalgar Square. Se há tempo fresquinho, então nada mais importa. Se há tempo mesmo muito fresquinho, então aí já temos um problema.

Nada preenche com maior acutilância a nossa necessidade de conhecimento do que saber os números, os factos, as temperaturas negativas que assolam o país. Para que a notícia seja dada com a devida intensidade, a informação deve ser transmitida por um jornalista no topo de um monte a levar com uma ventania épica nas trombas. Nada de meninos no estúdio, jornalismo a sério é isto meus amigos.

O outro ângulo da notícia, um pouco menos ambicioso, é andar pelas ruas a perguntar aos velhos o que se deve fazer agora que está frio. O nosso choque quando eles respondem que devemos andar mais agasalhados, vestir mais camisolas ou beber coisas quentes. Um senhor chegou mesmo a dizer que liga o aquecedor. Que loucura. Ninguém pensa em beber uma piñacolada fresquinha na esplanada ou tomar um banho no mar todo nu. Nada.

E porque o frio é um fenómeno que não deixa ninguém indiferente, foi a vez de passar a ser um incómodo para o Papa Bento XVI, que teve de cancelar a missa por causa da neve em Roma. Esta notícia deixou-me particularmente surpresa porque não pensei que este tipo de coisas mundanas como o tempo fossem coisa que afectassem a agenda de um homem santo. Além de que ser Papa e não ter um aquecedor Providencial é muito pouco cristão.

Uma boa semana a todos e que a fé pelo Nosso Senhor Jesus Cristo seja para vós como um cobertor divino. Isso e levarem vestido mais uma camisolinha interior. Daquelas cardadinhas.

Sem comentários:

Enviar um comentário