Retomo a escrita em vésperas de greve geral. Greve geral é o grande eufemismo dos últimos anos. É geral, mas só aderem algumas empresas em particular. É greve, mas há uma quantidade de gente que trabalha 24 horas neste dia para assegurar que ninguém que queira trabalhar pode entrar na sede das empresas.
Greve geral é também o mais recente eufemismo para greve dos transportes públicos. Como a malta a dada altura se começou a fartar das greves de transportes públicos, a estratégia começou a ser dividir as greves a meio... metade são greves de transportes públicos, metade são greves gerais. Na prática as empresas públicas de transportes param e arrastam consigo o resto, independentemente de estarmos numa greve geral ou não.
Portanto a greve geral é, em particular, uma greve das empresas públicas de transportes, as tais que fizeram uma generalizada greve nos últimos anos na gestão parcimoniosa dos dinheiros públicos.
Eu na realidade aconselharia a que todos estivéssemos atentos aos grupos que daqui a uns tempos irão comprar as empresas de transportes a privatizar. Não, não me parece que sejam grandes senhores do capital de fato e gravata, mas sim poderosos magnatas bolcheviques de barbas e banho por tomar.
É que a esquerda radical tem feito mais pelo processo de privatização destas empresas do que qualquer governo até hoje, o que me leva a pensar que por exemplo Francisco Louçã pode decidir deixar-se de PPRs na banca comercial, e aplicar o seu generoso pé de meia a comprar, por exemplo, a CP.
Falando em privatizações e empresas que nos últimos anos têm feito greve à gestão coerente, eu acho que o Governo devia aceder às propostas dos pilotos da TAP, e evitar com isso novas greves no futuro. Mas em vez de lhes reservar 20% da TAP na privatização, devia assegurar-lhes os 100%, e eles que paguem a dívida da empresa nos próximos anos. Isto sim, era negociar e agradar às massas. A dívida a quem a criou.
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