quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Está frio!

O título foi só para chamar a vossa atenção... frio, o caraças! Tenho-me fartado de ler histerismos sobre uma vaga de frio Siberiano no nosso país, mas parece que da Sibéria só mesmo a qualidade de construção do mercado de Setúbal. Todos os santos dias saio à rua com casaco, na leve esperança de não ter de regressar a casa a carregá-los nos braços. E todos os dias acabo por vir para casa a carregar esse peso morto.

O emocionante desta vaga de frio são as reportagens nas televisões. De repente, somos transportados para os primórdios da racionalidade, onde a espécie humana começou a desenvolver capacidades cognitivas e de comunicação, começando pois a criar um histórico de dados adquiridos que nos permitiram chegar onde chegámos. Naturalmente, nessa época, ainda não falavam da fusão fria. Nos primeiros tempos falavam de coisas muito básicas... como por exemplo sobre o frio.

Já repararam que neste tipo de reportagens temos frequentemente reportagens de rua na Guarda e em Bragança? Pelos vistos por fazer lá mais frio, as opiniões sobre o frio dessas pessoas são muito mais eloquentes e formativas do que, por exemplo, em Lisboa. Já reportagens deste género feitas na capital, são invariavelmente com pessoas com mais de 70 anos de idade. Os jovens e as pessoas de meia idade em Lisboa não terão grande coisa a dizer sobre o frio. Se calhar nem os afecta. Na Guarda e em Bragança afecta, pois nessas vemos gente de todas as idades a falar. Mas em Lisboa não, é diferente. O famoso centralismo da capital é, afinal, uma espécie de funil meteorológico que focaliza as condições do tempo num grupo de pessoas.

Em Lisboa muito provavelmente só chove em cima das pessoas carecas. Só faz Sol para os funcionários públicos, e só faz vento para as moças descascadas da linha de Cascais. Sim, que isto aqui pela capital não é a bandalheira anarquista do resto do país.

Quase tão interessantes como as reportagens sobre o frio, são as reportagens sobre as pieguisses dos nossos políticos. Ontem por exemplo vi uma reportagem sobre a suposta pieguisse dos portugueses feita às portas do estádio de Alvalade, com adeptos do Sporting. Se isto não é abordar o grupo-alvo das declarações que foram proferidas publicamente (no caso, pelo primeiro-ministro), então não sei o que será. Isto num curso de jornalismo era reportagem para 20 valores, não?

Agasalhem-se que está frio. Até pode nem estar agora, neste momento. Mas não se esqueçam, o frio é como o Santana Lopes... anda por aí, e pode sempre aparecer quando menos se espera.

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