Bem, três textos seguidos com nomes de filmes é coisa boa. Permitam-me primeiro dizer que, muito sinceramente, há coisas que não se fazem. “A César o que é de César” e “cada macaco no seu galho” são máximas boas e às quais as pessoas deviam prestar mais atenção. Digo isto porque me chocou a forma como, esta semana, a SIC toma a liberdade de mergulhar em assuntos que não são da sua competência. Chamar o agora ex-líder da CGTP Carvalho da Silva de “Caralho da Silva” é tirar o pão da boca a artistas como Joaquim Barreiros e negar a milhares de trabalhadores da construção civil a oportunidade de fazer um trocadilho sexual devidamente sindicalizado.
A arte do trocar nomes por órgãos sexuais é assunto que, tal como certos piropos, pertence ao domínio do andaime e no qual um canal de televisão nunca devia meter o bedelho. Além de que isto vem lançar uma outra pertinente questão: como pode uma simples letra alterar tão drasticamente o sentido duma palavra? Como um carvalho se torna caralho, uma árvore se torna pila, é coisa de uma fragilidade poética, que mostra como um simples“v”,confrontado com a erosão de um gajo que nem sabe pressionar a merda de uma letra num teclado, vê-se fodido.
Infelizmente não auguro grande futuro para os trocadilhos brejeiros com nomes de sindicalistas. O Caralhismo Sindical teve esta semana a sua cerimónia fúnebre, quando Carvalho da Silva foi substituído na liderança da CGTP por Arménio Carlos, pessoa alegadamente comunista. Como se sabe, o comunismo é uma coisa séria e não vamos lá fazer trocadilhos com o nome do homem que já é mau que chegue. Nem com o nome dele, nem com o nome de outros comunistas. Qualquer tentativa de trocadilho com Che Guevara (o gajo das t-shirts), que contenha as palavras “chega-lhe” e “vara” será prontamente ignorada e remetida para um canto do meu cérebro onde vive um pequeno Fernando Rocha a comer pistachios.
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