Isto de escrever a um domingo, após a passagem de ano, é coisa que não recomendo a ninguém. Julgo não me ter livrado ainda do hálito a vinho tinto, o que tem algum valor.
Falemos do novo ano. A primeira coisinha com a qual os noticiários têm o prazer de nos presentear é essa imensa novidade de a Nova Zelândia ser o primeiro país do mundo a chegar ao ano novo. Boa. Aplaudia de pé se não me estivesse a fazer o cocó para essa situação. Epá, tudo bem que a Nova Zelândia é um país lindo, cheio de gente com talento e gajas boas, mas isso de ser o primeiro a chegar ao novo ano não é nada de especial. Mais para o irrelevante.
Igualmente irrelevante são os fogos de artifício em Copacabana, Londres ou Intestino de Fernando Mendes. Para mim, rebentar com merdas no céu não é espectáculo. Espectáculo é uma invasão alienígena de seres nus, cor-de-laranja, e com sete metros de altura. Tudo isto pode ser visto em exclusivo numa trip de LSD perto de si. Droguem-se que sai mais barato.
Ai e depois vêm as tradições, lá com a história do champanhe, a cueca azul e as doze passas. É tudo tão bonito que não sei se vomite. Como é que a ingestão de uma dúzia de frutos secos pode ser sinónimo de sorte é coisa que, cheira-me, não deve estar cientificamente provada. Tudo terá começado com a história de um sujeito que sofria de prisão de ventre e a quem as passas fizeram maravilhas ao trânsito intestinal. Claro, depois as pessoas (que na altura só sabiam ler, escrever e contar) acreditaram que aquilo era miraculoso e toca de todos os anos meter doze passas no bucho só porque sim. Eu cá não comi as doze passas. Fumei-as. Uma coisa que me deixa a sorrir é sempre preferível a uma que me provoca caganeira. Prioridades.
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