Justiça Divina

Sócrates, n’ A República de Platão, questiona-se sobre o que é de facto a justiça. Fez ele muito bem, e até me lembraria da conclusão dessa argumentação do filósofo grego, não tivesse eu chamuscado o cérebro adolescente com a preciosa ajuda da ganza.

Porque se me vierem perguntar, “pá, que é isso da justiça?” digo que pronto, só sei que nada sei, mas ao mesmo tempo tenho conhecimento de que se trata daquela coisa incapaz de meter o Isaltino na prisão. O que se compreende, pois provavelmente lá na cadeira esgotou-se o stock de charutos cubanos e não existem condições para receber o presidente da câmara de Oeiras.

Todos os dias me deparo com questões enormes, como por exemplo, será que há vida noutros planetas? Será que Deus existe? Se Deus existe, porquê deixar a família Carreira fazer música? Enfim, talvez seja tudo parte de um imenso plano universal. Só espero que se existir um Deus a sério não seja o mesmo do Velho Testamento, que os planos dele eram só chacinas e coiso.

Então não é que foi meter meia dúzia de gente e animais numa arca para poder limpar o sarampo ao resto da humanidade? Coisa linda, convenhamos. Depois claro, o que muita gente se esquece é que se isto fosse realmente verdade o pessoal da arca é que se tinha reproduzido entre si para criar a nova população planetária - o que, pensando bem, se calhar explica muita coisa.

Talvez a música da família Carreira seja uma preparação para o dia do Juízo Final, em que como pecadores que somos seremos convidados a visitar a casa do Satanás - e parece que lá só passam álbuns dos Santamaria em loop.

Mas enfim, o que é a justiça? Justiça podia ser não deixarem certas pessoas cantar e tocar em instrumentos musicais. Os cidadãos têm o direito à sua saúde mental, visual e auditiva e há coisas que me parecem por demais punitivas.

No fundo da minha alma, sei que um dia vou encontrar Deus. Mas sinto que este não é o momento certo, até porque não está nada fácil de arranjar LSD.