segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Consequências do meu pensamento filosófico #5



Eu por norma sou um rapaz muito bonito. E também por norma, gosto de ser abordado na rua com astúcia, e com outro sinónimo que dê sofisticação a esta frase. Ora, isso não foi o que me aconteceu no outro dia. Para surpresa de toda a gente que não estava lá, e para os outros que não testemunharam o acontecimento, eu fui abordado na rua por um conhecido que já não o via a algum tempo, da seguinte forma: Olha o desaparecido!

Pois bem, vamos cá ver se nos entendemos: então, essa pessoa viu-me na rua; coordenou a sua mobilidade motora de maneira a aproximar-se de mim; olhou-me nos olhos; e abordou-me no dialecto português-português que eu estou desaparecido. É isto que se passou, certo? Antes de mais, tenho que felicitar essa pessoa, porque chamar desaparecido a uma pessoa que está à sua frente revela enorme perspicácia e sabedoria. Agora que já o felicitei, posso dizer que isto, para mim, é um enorme cagalhão linguístico. É que chamar desaparecido a um sujeito que está à sua frente, é como chamar heterossexual a um sujeito que está num bar gay sem t-shirt. (esta última frase é dirigida a José Carlos Malato, por isso, não têm razões de ficar ofendidos.)

No entanto, eu bem tento perceber o raciocínio dessa pessoa que me abordou, mas só consigo pensar na Maya a saltar à corda em fezes de bovino. É que se eu estou desaparecido, então, porque raio estou à frente dele a falar com ele?! O mais engraçado, é que durante o tempo todo que não estive com essa pessoa, ele tinha todo o direito de me chamar desaparecido, porque ao não estar fisicamente com essa pessoa, pode-se concluir que eu, de certa forma, estou desaparecido. Mas desde o momento em que me vê, eu deixo, logo, automaticamente, de estar desaparecido, porque ele, de facto, encontrou-me! Vá, agora vamos lançar confetis para a camada do ozono em jeito de rebelião! Estão a perceber onde é que eu quero chegar? É que já estou mesmo a ver o último diálogo que teve o Khadafi com a pessoa que o encontrou:
- Olha, olha, se não é o ditador que se veste de arraiolos que se encontra desaparecido!
- Epa, então se estou desaparecido, continua à minha procura, cabrão!
            - Bang! Bang! (onomatopeia encontrada para personificar o som do tiro. Eu sei que é ridículo.)

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