Bondage à Gomes de Sá

Hoje, um pouco como todos os portugueses, sinto-me sodomizado. Não que eu não seja apreciador das virtudes de uma boa chicotada no lombo ou molestação anal, mas as coisas também têm limites. O facto do povo português estar tão habituado a ser fodido que já nem estranha preocupa-me. As tendências masoquistas em grupos representam para mim algo problemático - e só assim se explica tanta audiência nos concertos do Tony Carreira.

Tudo bem que as pessoas encontrem uma beleza peculiar no sofrimento, mas nunca fui grande admirador do romantismo. Não porque a vida não seja feita de dor; mas porque não é de dor apenas que a vida é feita. É claro que os adversários de Bruno Alves, com as pernas partidas ao meio e com a boca cheia de pontapés, tendem a discordar. Tenho para com eles solidariedade, mas ao mesmo tempo é bem feito para os russos terem cuidado quando vão às compras.

Contudo, não me assusto com as tendências violentas do ser humano em geral, sou sim da opinião de que deviam estas ser canalizadas para coisas mais construtivas. Por exemplo, quando o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho se dirige ao país em mais uma das suas apocalípticas comunicações, uma entrada a pés juntos parece-me inteiramente justificada. Comunicações onde de resto o primeiro-ministro não abdica de usar os óculos na ponta do nariz, que lhe dão um ar respeitável e trabalhador - lição que terá porventura aprendido com o doutor Salazar, presumo. No entanto, com as vezes que aparece apenas para foder as pessoas, talvez fosse justificada a substituição dos óculos por um daqueles cintos com dildo.

E Duarte Mendes quem é? Os leitores com historial de doenças mentais que pensem tratar-se de um antigo concorrente do Festival da Canção não estão completamente enganados. Mas este senhor trata-se afinal do líder nacional da JSD, que é como quem diz, um jovem beto com cabelinho à cavaleiro tauromáquico e uma colecção de camisolas Lacoste. Duarte pretende responsabilizar criminalmente José Sócrates pelo estado do país, o que acho bem. Mas outra coisa que também acho é que as crianças não se devem meter nos assuntos dos adultos, por isso Duarte, sei que a política é um passatempo giro mas dedica-te antes à tua área, os Morangos com Açúcar. Talvez não fosse má ideia juntar este jovem e o Bruno Alves numa partida de futebol - um banho de sangue à moda do Mortal Kombat é coisa da qual tenho saudades.