A emigração é um tema que me é muito querido, e por isso não pude deixar de ficar muito contente ao ver que a difícil situação portuguesa foi nos últimos dias reduzida à emigração. Como é possível que uma solução tão óbvia tenha sido ignorada pelo poder político durante tanto tempo?
Somos um país que já exportou governadores para sítios tão longínquos como Goa, Macau ou Timor Leste. Já exportámos gente tão eficaz como Luís Militão ou tão estadista como Durão Barroso. Ou ainda tão humano como Guterres. Na realidade os portugueses por esse mundo fora têm contribuído para um mundo melhor e, estando fora, têm sobretudo contribuído para não piorar o nosso país.
Se Portugal ficasse vazio, era certo e sabido que só os nossos credores teriam problemas em mãos. Mas poderiam vir cá livremente buscar os nossos vastos recursos naturais para saldarem as dívidas. Não nos faltam cá calhaus e eucaliptos, mesmo tendo em conta que a emigração se propõe a retirar do país cerca de 10 milhões de calhaus. Ainda cá ficam muitos... daqueles inertes.
Sobre as palavras do Passos Coelho não vou tecer grandes comentários, pois não gosto de comentar coisas óbvias. Acho muito mais interessante a onda de indignação que cresceu numa classe que se arrisca a estar condenada a uma caixa de supermercado se ficar em Portugal. Imaginam a felicidade que irromperia por este país, de lés a lés, se Mário Nogueira emigrasse para a Tanzânia, por exemplo?
Mas nada bate a sugestão de Paulo Rangel. A mesinha de cabeceira mais famosa do PSD (depois de Marques Mendes) propõe que o Estado crie uma agência para encaminhar as pessoas daqui para fora. Uma espécie de agência de viagens, mas sem possibilidade de vender bilhetes de volta. É notável que uma peça de mobiliário mais tosca do que uma qualquer peça produzida numa oficina de Paços de Ferreira ache que os portugueses precisam que o Estado lhes indique o caminho, quando até ele já conseguiu um passaporte daqui para fora.
Quem emigrou de vez, mas deste planeta, foi o Querido Líder da Coreia do Norte. O PCP apressou-se a expressar as condolências para com o povo da república democrática (enfatizaram isto) da Coreia do Norte. Não deixa de ser interessante que chamem república democrática a um país com sucessão dinástica e mão de ferro capaz de fazer corar de inveja qualquer Estaline desta vida. Seria um pouco como apelidar o PCP de partido progressista.
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