segunda-feira, 9 de abril de 2012

Coisas, pá.

Viver não é fácil. Como disse Lili Caneças num dia de lucidez - e parafraseando o filósofo Sócrates - estar vivo é o contrário de estar morto. Uma frase bonita decerto, mas longe da profundidade existencial de “morde aqui a ver se eu deixo” ou “vai mamar na piça de um cavalo, ó merda”. É filosofia da baratucha. De frases destas também eu sou capaz, principalmente quando mergulho o fígado em álcool.

Por exemplo, ser gordo é o contrário de ser magro. Ser mulher é o contrário de ser homem. Ser homem é o contrário de ser José Castelo Branco. E mulher ao mesmo tempo. Mau.

Muitas vezes me questiono. Duvido. Preocupam-me coisas triviais, como a ausência de pessoas amigas e de um piaçaba numa casa de banho. Não numa casa de banho remota, de onde se caga e foge sem que alguém venha questionar quem ali deixou aquele rasto de cagalhão; antes, numa casa de banho de pessoas amigas que vão saber quem o deixou de imediato. Isto deixa-me a pensar.

Como é possível ter uma sanita tão limpinha sem piaçaba? Estarei na presença de seres com poderes mágicos, capazes de fazer o seu próprio cocó flutuar e mergulhar na sanita a seu bel-prazer? Entre um ou dois macacos que tiro do nariz enquanto penso nesta situação, começo - como a senhora dos apanhados - a panicar. Imagino a vida sem o piaçaba e mergulho numa profunda depressão merdosa, acabando por compreender que não sou uma pessoa normal.

Se pensarmos bem, o piaçaba é uma espécie de varinha mágica, na medida em que faz desaparecer merdas. E isto é talvez das coisas que mais útil é saber. Lembra-te bem destas palavras Harry Potter, pois nunca se sabe quando te vais ver enrascado.


Pois.

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