quarta-feira, 4 de abril de 2012

Diário de um Polícia de Choque

Os dias arrastam-se no meio desta fatídica existência policial. Às vezes no banho, quando envolto em água e champô do Lidl aproveito para me tocar, questiono-me também se realmente Deus existe e se sim, porque me terá brindado com um pénis do tamanho de um Playmobil. Talvez faça tudo parte de um grande plano universal. Questiono-me também se esse mesmo Deus haverá criado outras criaturas inteligentes na galáxia e se sim, terão elas órgãos sexuais maiores que o meu? Parece-me óbvia a conclusão.

Acordei pelas nove horas, já o sol se impunha no céu, caralhesco e sublime. Este reino celestial povoado de pombos que regozijam ao defecar em cima das pessoas é o retrato mais próximo da realidade da sociedade em que vivemos: os que estão em cima cagam para os que estão em baixo; dos que estão em baixo há depois os que fogem desses cagalhões e os que os comem.
Revistei o armário da cozinha por vestígios de comida. Encontrei apenas umas batatas fritas de pacote já fora de prazo. Polvilhei-as de açúcar amarelo e usei-as como cereais sobre o leite azedo que ainda me restava no frigorífico. Nos tempos que correm, isto não está para estragar.

Chegámos à manifestação já o venenoso pequeno-almoço me atacava com ferocidade os intestinos fragilizados. Soltei várias bufas sem que nenhum dos meus colegas reparasse. Pensei que afinal os nossos capacetes com visor também tinham alguma utilidade. Reflecti sobre o facto do bastão com que agrido pessoas ser pelo menos sete vezes mais comprido que a minha pila, e que talvez essa frustração e sexualidade reprimida tenham algo a ver com a minha agressividade. Falo por mim, isto para não falar do meu colega Matias que gosta de uma “chuva dourada” ou do Rodrigues, que se masturba para meias da raquete desde os treze anos de idade. Avançamos sobre a população quieta entre muitas dúvidas mas com uma certeza: espancar pessoas é mesmo o nosso único talento. Valha-nos isso.

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